Por Marcela Belchior Adital
Relatório publicado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês) aponta a América Latina como a primeira e única região do mundo que alcançou, de maneira antecipada, a meta dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). Grande parte dos países da região cumpriu o fim de redução da fome, estabelecido pela Cúpula Mundial da Alimentação (CMA). Segundo a organização, nenhuma outra parte do globo está sequer próxima da conquista.
A meta estipulada pelos ODM é de, no período de 1990 a 2015, reduzir à metade a prevalência de pessoas que sofrem da fome no mundo. Até 2014, no entanto, a América Latina já conseguiu reduzir esta proporção de 14,4% para 5,1%, superando a meta. Nesse mesmo sentido, a CMA propôs que, no mesmo período de tempo, fosse reduzido à metade o número absoluto de pessoas com fome. Também aí os países latino-americanos foram além, diminuindo esse índice de 60,3 milhões de pessoas subalimentadas, em 1990, para 29,5 milhões, no ano passado.
Na comparação do avanço relativo dos países da região, é possível observar que nove países alcançaram 100% do objetivo de redução da subalimentação. São eles Argentina, Brasil, Chile, México, Uruguai, Venezuela, Nicarágua, Panamá e Peru. Os seis primeiros, inclusive, chegaram a uma redução da prevalência da fome abaixo dos 5% da população, percentagem considerada muito além do esperado.
Nos casos da Nicarágua e do Peru, recebem destaque especial na comparação com as circunstâncias de partida dos países. Em 1990, o primeiro país centro-americano registrava 54,4% da população sofrendo de fome. Em 2014, esse índice foi reduzido para 16,8%. Já na nação sul-americana a diminuição nos últimos 24 anos foi de 34,4% para apenas 8,7%.
As nações que ainda não alcançaram a meta estão muito próximas de realizá-la em 2015. A Bolívia já avançou em 97,3% do objetivo, enquanto Honduras caminhou 94,7% e a Colômbia marca o índice de 94,4% de cumprimento. Outros quatro países tiveram avanços limitados e se considera improvável que alcancem o objetivo dentro do prazo estabelecido: Paraguai, com 87,15%; Equador, com 84,5%; El Salvador, com 33,3%; e Guatemala, com apenas 8% de avanço.
Chama a atenção o caso da Costa Rica, único país da região que não apenas não reduziu como aumentou os índices de fome entre a população. A percentagem de costarriquenhos subalimentados foi incrementada em 0,7% durante os últimos 24 anos, passando de 5,2% para 5,9%.
Para a FAO, o avanço no enfrentamento da fome na região se deve ao compromisso político dos governos, à mobilização de toda a sociedade, ao reforço de sistemas de proteção social, com medidas para apoiar a produção (especialmente a agricultura familiar), além do desenvolvimento e fortalecimento dos marcos legais que permitem consolidar as conquistas e dotar recursos orçamentários à causa.
Esse panorama positivo e esperançoso para a suplantação de um dos mais graves problemas da humanidade, porém, continua marcado por desigualdades. Ainda que haja avanços nas políticas sociais e econômicas, a fome persiste na região. Segundo o diretor-geral da FAO, José Graziano, as causas da fome de 29,5 milhões de pessoas na América Latina não estão na falta de alimentos, mas porque parte da população não tem acesso a eles. "Na América Latina, há uma disponibilidade de alimentos como não existe em nenhuma outra parte do mundo”, destaca Graziano. Segundo ele, o problema no continente é a distribuição da riqueza e o emprego precário. "Porque os salários são muito baixos devido ao excedente de mão de obra”, acrescenta.
(com informações da Fundação Avina)
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Desde 1990, países trabalham pelo cumprimento da meta. Foto: Reprodução. |
A meta estipulada pelos ODM é de, no período de 1990 a 2015, reduzir à metade a prevalência de pessoas que sofrem da fome no mundo. Até 2014, no entanto, a América Latina já conseguiu reduzir esta proporção de 14,4% para 5,1%, superando a meta. Nesse mesmo sentido, a CMA propôs que, no mesmo período de tempo, fosse reduzido à metade o número absoluto de pessoas com fome. Também aí os países latino-americanos foram além, diminuindo esse índice de 60,3 milhões de pessoas subalimentadas, em 1990, para 29,5 milhões, no ano passado.
Na comparação do avanço relativo dos países da região, é possível observar que nove países alcançaram 100% do objetivo de redução da subalimentação. São eles Argentina, Brasil, Chile, México, Uruguai, Venezuela, Nicarágua, Panamá e Peru. Os seis primeiros, inclusive, chegaram a uma redução da prevalência da fome abaixo dos 5% da população, percentagem considerada muito além do esperado.
Nos casos da Nicarágua e do Peru, recebem destaque especial na comparação com as circunstâncias de partida dos países. Em 1990, o primeiro país centro-americano registrava 54,4% da população sofrendo de fome. Em 2014, esse índice foi reduzido para 16,8%. Já na nação sul-americana a diminuição nos últimos 24 anos foi de 34,4% para apenas 8,7%.
As nações que ainda não alcançaram a meta estão muito próximas de realizá-la em 2015. A Bolívia já avançou em 97,3% do objetivo, enquanto Honduras caminhou 94,7% e a Colômbia marca o índice de 94,4% de cumprimento. Outros quatro países tiveram avanços limitados e se considera improvável que alcancem o objetivo dentro do prazo estabelecido: Paraguai, com 87,15%; Equador, com 84,5%; El Salvador, com 33,3%; e Guatemala, com apenas 8% de avanço.
Chama a atenção o caso da Costa Rica, único país da região que não apenas não reduziu como aumentou os índices de fome entre a população. A percentagem de costarriquenhos subalimentados foi incrementada em 0,7% durante os últimos 24 anos, passando de 5,2% para 5,9%.
América Latina tem grande produção alimentícia, mas distribuição de riquezas é desigual. Foto: Reprodução. |
Para a FAO, o avanço no enfrentamento da fome na região se deve ao compromisso político dos governos, à mobilização de toda a sociedade, ao reforço de sistemas de proteção social, com medidas para apoiar a produção (especialmente a agricultura familiar), além do desenvolvimento e fortalecimento dos marcos legais que permitem consolidar as conquistas e dotar recursos orçamentários à causa.
Esse panorama positivo e esperançoso para a suplantação de um dos mais graves problemas da humanidade, porém, continua marcado por desigualdades. Ainda que haja avanços nas políticas sociais e econômicas, a fome persiste na região. Segundo o diretor-geral da FAO, José Graziano, as causas da fome de 29,5 milhões de pessoas na América Latina não estão na falta de alimentos, mas porque parte da população não tem acesso a eles. "Na América Latina, há uma disponibilidade de alimentos como não existe em nenhuma outra parte do mundo”, destaca Graziano. Segundo ele, o problema no continente é a distribuição da riqueza e o emprego precário. "Porque os salários são muito baixos devido ao excedente de mão de obra”, acrescenta.
(com informações da Fundação Avina)
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