terça-feira, 17 de março de 2015

Dilma Rousseff, Presidenta do Brasil, país membro do BRICS, é o próximo alvo de Washington

Adital
Por Frederick William Engdahl*

Para ganhar o segundo turno das eleições contra o candidato apoiado pelos Estados Unidos, Aécio Neves, em 26 outubro de 2014, a presidenta reeleita do Brasil Dilma Rousseff sobreviveu a uma campanha maciça de desinformação do Departamento de Estado estadunidense. Não obstante, já está claro que Washington abriu uma nova ofensiva contra um dos líderes chave do BRICS, o grupo não alinhado de economias emergentes – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Com a campanha de guerra financeira total dos Estados Unidos para enfraquecer a Rússia de Putin e uma série de desestabilizações visando a China, inclusive, mais recentemente, a "Revolução dos Guarda-Chuvas” financiada pelos Estados Unidos em Hong Kong, livrar-se da presidente socialmente propensa do Brasil é uma prioridade máxima para deter o polo emergente que se opõe ao bloco da Nova (des)Ordem Mundial de Washington.

A razão por que Washington quer se livrar de Rousseff é clara. Como presidente, ela é uma das cinco cabeças do BRICS que assinaram a formação do Banco de Desenvolvimento do BRICS, com capital inicial autorizado de 100 bilhões de dólares e um fundo de reserva de outros 100 bilhões de dólares. Ela também apoia uma nova Moeda de Reserva Internacional para complementar e eventualmente substituir o dólar. No Brasil, ela é apoiada por milhões de brasileiros mais pobres, que foram tirados da pobreza por seus vários programas, especialmente o Bolsa Família, um programa de subsídio econômico para mães e famílias de baixa renda. O Bolsa Família tirou uma população estimada de 36 milhões de famílias da pobreza através das políticas econômicas de Rousseff e de seu partido, algo que incita verdadeiras apoplexias em Wall Street e em Washington.

Apoiado pelos Estados Unidos, seu rival na campanha, Aécio Neves, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), serve aos interesses dos magnatas e de seus aliados de Washington.
O principal assessor econômico de Neves, que se tornaria Ministro da Fazenda no caso de uma presidência de Neves, era Armínio Fraga Neto, amigo íntimo e ex-sócio de Soros e seu fundo hedge Quantum. O principal conselheiro de Neves, e provavelmente seu Ministro das Relações Exteriores, tivesse ele ganhado as eleições, era Rubens Antônio Barbosa, ex-embaixador em Washington e hoje Diretor da ASG em São Paulo.

A ASG é o grupo de consultores de Madeleine Albright, ex-Secretária de Estado norte-americana durante o bombardeio da Iugoslávia em 1999. Albright, dirigente do principal grupo de reflexão dos Estados Unidos, o Conselho sobre Relações Exteriores, também é presidente da primeira ONG da "Revolução Colorida” financiada pelo governo dos Estados Unidos, o Instituto Democrático Nacional (NDI). Não é de surpreender que Barbosa tenha conclamado, numa campanha recente, o fortalecimento das relações Brasil-Estados Unidos e a degradação dos fortes laços Brasil-China, desenvolvidos por Rousseff na esteira das revelações sobre a espionagem norte-americana da Agência Nacional de Segurança (NSA) contra Rousseff e o seu governo.

Surgimento de escândalo de corrupção

Durante a áspera campanha eleitoral entre Rousseff e Neves, a oposição de Neves começou a espalhar rumores de que Rousseff, que até então jamais fora ligada à corrupção tão comum na política brasileira, estaria implicada num escândalo envolvendo a gigante estatal do petróleo, a Petrobras. Em setembro, um ex-diretor da Petrobras alegou que membros do governo Rousseff tinham recebido comissões em contratos assinados com a gigante do petróleo, comissões estas que depois teriam sido empregadas para comprar apoio congressional. Rousseff foi membro do conselho de diretores da companhia até 2010.
Agora, em 2 de novembro de 2014, apenas alguns dias depois da vitória arduamente conquistada por Rousseff, a maior firma de auditoria financeira dos Estados Unidos, a Price Waterhouse Coopers se recusou a assinar os demonstrativos financeiros do terceiro trimestre da Petrobras. A PWC exigiu uma investigação mais ampla do escândalo envolvendo a companhia petrolífera dirigida pelo Estado.

A Price Waterhouse Coopers é uma das firmas de auditoria, consultoria tributária e societária e de negócios mais eivadas de escândalos dos Estados Unidos. Ela foi implicada em 14 anos de encobrimento de uma fraude no grupo de seguros AIG, o qual estava no coração da crise financeira norte-americana de 2008. E a Câmara dos Lordes britânica criticou a PWC por não chamar atenção para os riscos do modelo de negócios adotado pelo banco Northern Rock, causador de um desastre de grandes proporções na crise imobiliária de 2008 na Grã-Bretanha, cliente que teve que ser resgatado pelo governo do Reino Unido. Intensificam-se os ataques contra Rousseff, disto podemos ter certeza.

A estratégia global de Rousseff

Não foi apenas a aliança de Rousseff com os países do BRICS que fez dela um alvo principal da política de desestabilização de Washington. Sob seu mandato, o Brasil está agindo com rapidez para baldar a vulnerabilidade à vigilância eletrônica norte-americana da NSA.
Dias após a sua reeleição, a companhia estatal Telebras anunciou planos para a construção de um cabo submarino de telecomunicações por fibra ótica com Portugal através do Atlântico. O planejado cabo da Telebras se estenderá por 5.600 quilômetros, da cidade brasileira de Fortaleza até Portugal. Ele representa uma ruptura maior no âmbito das comunicações transatlânticas sob domínio da tecnologia norte-americana. Notadamente, o presidente da Telebras, Francisco Ziober Filho, disse numa entrevista que o projeto do cabo será desenvolvido e construído sem a participação de nenhuma companhia estadunidense.

As revelações de Snowden sobre a NSA em 2013 elucidaram, entre outras coisas, os vínculos íntimos existentes entre empresas estratégicas chave de tecnologia da informática, como a Cisco Systems, a Microsoft e outras, e a comunidade norte-americana de inteligência. Ele declarou que:
A questão da integridade e vulnerabilidade de dados é sempre uma preocupação para todas as companhias de telecomunicações.

O Brasil reagiu aos vazamentos da NSA periciando todos os equipamentos de fabricação estrangeira em seu uso, a fim de obstar vulnerabilidades de segurança e acelerar a evolução do país rumo à autossuficiência tecnológica, segundo o dirigente da Telebras.

Até agora, virtualmente todo tráfego transatlântico de TI encaminhado via costa leste dos Estados Unidos para a Europa e a África representou uma vantagem importante para espionagem de Washington.
Reagindo aos vazamentos de Snowden, o governo Rousseff ordenou a extinção dos contratos com a Microsoft para serviços de e-mail com Outlook. Rousseff declarou na época que o gesto visava ajudar a "impedir possíveis espionagens”. Em vez disso, o Brasil está se nacionalizando com o seu próprio sistema de e-mail, denominado Expresso, desenvolvido pelo Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), de propriedade do Estado. O Expresso já é utilizado por 13 dos 39 ministérios do país. O porta-voz do Serpro, Marcos Melo, declarou:
O Expresso está 100 por cento sob nosso controle.
Se verdadeiro ou ainda incerto, o fato é que sob Rousseff e de seu partido o Brasil está trabalhando para fazer o que ela considera ser o melhor para interesse nacional do Brasil.

A geopolítica do petróleo também é chave

O Brasil também está se livrando do domínio anglo-americano sobre sua exploração de petróleo e de gás. No final de 2007, a Petrobras descobriu o que considerou ser uma nova e enorme bacia de petróleo de alta qualidade na plataforma continental no mar territorial brasileiro da Bacia de Santos. Desde então, a Petrobras perfurou 11 poços de petróleo nesta bacia, todos bem-sucedidos. Somente em Tupi e em Iara, a Petrobras estima que haja entre de 8 a 12 bilhões de barris de óleo recuperável, o que pode quase dobrar as reservas brasileiras atuais de petróleo. No total, a plataforma continental do Brasil pode conter mais de 100 bilhões de barris de petróleo, transformando o país numa potência de petróleo e gás de primeira grandeza, algo que a Exxon e a Chevron, as gigantes do petróleo norte-americano, se esforçaram arduamente para controlar.

Em 2009, segundo cabogramas diplomáticos norte-americanos vazados e publicados pelo Wikileaks, a Exxon e a Chevron foram assinaladas pelo consulado estadunidense no Rio de Janeiro por estarem tentando, em vão, alterar a lei proposta pelo mentor e predecessor de Rousseff em seu Partido dos Trabalhadores, o presidente Luís Inácio Lula da Silva, ou Lula, como ele é chamado.

Esta lei de 2009 tornava a estatal Petrobras operadora-chefe de todos os blocos no mar territorial. Washington e as gigantes estadunidenses do petróleo ficaram furiosos ao perderem controles-chave sobre a descoberta da potencialmente maior jazida individual de petróleo em décadas.

Para tornar as coisas piores aos olhos de Washington, Lula não apenas afastou a Exxon Mobil e a Chevron de suas posições de controle em favor da estatal Petrobras, como também abriu a exploração do petróleo brasileiro aos chineses. Em dezembro de 2010, num dos seus últimos atos como presidente, ele supervisionou a assinatura de um acordo entre a companhia energética hispano-brasileira Repsol e a estatal chinesa Sinopec. A Sinopec formou uma joint venture, a Repsol Sinopec Brasil, investindo mais de 7,1 bilhões de dólares na Repsol Brasil. Já em 2005, Lula havia aprovado a formação da Sinopec International Petroleum Service of Brazil Ltd, como parte de uma nova aliança estratégica entre a China e o Brasil, precursora da atual organização do BRICS.

Washington não gostou

Em 2012, uma perfuração conjunta, Repsol Sinopec Brazil, Norway’s Stateoil e Petrobras, fez uma descoberta de importância maior em Pão de Açúcar, a terceira no bloco BM-C-33, o qual inclui Seat e Gávea, esta última uma das 10 maiores descobertas do mundo em 2011. As maiores do petróleo estadunidense e britânico absolutamente sequer estavam presentes.

Com o aprofundamento das relações entre o governo Rousseff e a China, bem como com a Rússia e com outros parceiros do BRICS, em maio de 2013 o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, veio ao Brasil com sua agenda focada no desenvolvimento de gás e petróleo. Ele se encontrou com a presidenta Dilma Rousseff, que havia sucedido ao seu mentor Lula em 2011. Biden também se encontrou com as principais companhias energéticas no Brasil, inclusive a Petrobrás.

Embora pouca coisa tenha sido dita publicamente, Rousseff se recusou a reverter a lei do petróleo de 2009 de maneira a adequá-la aos interesses de Biden e de Washington. Dias depois da visita de Biden, surgiram as revelações de Snowden sobre a NSA, de que os Estados Unidos também estavam espionando Rousseff e os funcionários de alto escalão da Petrobras. Ela ficou furiosa e, naquele mês de setembro, denunciou a administração Obama diante da Assembleia Geral da ONU por violação da lei internacional. Em protesto, ela cancelou uma visita programada a Washington. Depois disso, as relações Estados Unidos-Brasil sofreram um grave resfriamento.

Antes da visita de Biden em maio de 2013, Dilma Rousseff tinha uma taxa de popularidade de 70 por cento. Menos de duas semanas depois da visita de Biden ao Brasil, protestos em escala nacional convocados por um grupo bem organizado chamado Movimento Passe Livre, relativos a um aumento nominal de 10 por cento nas passagens de ônibus, levaram o país virtualmente a uma paralisação e se tornaram muito violentos. Os protestos ostentavam a marca de uma típica "Revolução Colorida”, ou desestabilização via Twitter, que parece seguir Biden por onde quer que ele se apresente. Em semanas, a popularidade de Rousseff caiu para 30 por cento.

Washington enviara claramente um sinal de que Rousseff teria que mudar de curso ou enfrentar sérios problemas. Agora que ela ganhou a reeleição e derrotou os oligarcas bem financiados da direita e a oposição, está claro que Washington vai lançar mão de uma energia renovada para tentar se livrar de mais um líder do BRICS, numa tentativa cada vez mais desesperada de manter o status quo. Parece que o mundo já não se põe mais em prontidão como fez nas décadas passadas quando Washington dava suas ordens de marcha. O ano de 2015 será uma aventura não só para o Brasil, mas para todo o mundo.

[*] Frederick William Engdahl é jornalista, conferencista e consultor para riscos estratégicos. É graduado em política pela Princeton University; autor consagrado e especialista em questõesenergéticas e geopolítica da revista online New Eastern Outlook.

Uma constituinte para a reforma política

Adital
Por Luiza Erundina e Renato Simões*

Corrigir as distorções do sistema político transcende uma mera reforma da legislação e exige mudar as estruturas do Estado.

As primeiras falas da presidente Dilma Rousseff, logo após o resultado das eleições, demonstraram sua firme determinação de priorizar a reforma política com participação popular.

Ela expressou, com a consciência propiciada pela disputa nas ruas, a necessidade de superação do fosso existente entre a democracia representativa e a sociedade.
A insatisfação que se manifestou nas ruas em junho de 2013 se aprofunda, exigindo decisões efetivas e urgentes.

A reforma política se arrasta há anos no Congresso Nacional e, a cada eleição, o financiamento das campanhas dos candidatos pelo poder econômico impede a formação de maioria que viabilize a aprovação das mudanças reclamadas pela sociedade. Nem mesmo o debate no âmbito restrito da reforma eleitoral avança.

Propostas meritórias, como as constantes do relatório do deputado Henrique Fontana (PT-RS), de 2012, e as apresentadas pela Coalizão Democrática --encabeçada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, pela Ordem dos Advogados do Brasil e pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral--, são confrontadas com a "contrarreforma" de iniciativa do grupo de trabalho que apresentou a PEC 357/2014, que aprofunda os traços autoritários e elitistas do sistema político atual.

Na semana da pátria de 2014, um plebiscito popular organizado por mais de 480 movimentos sociais coletou mais de 7 milhões de votos sobre o tema da reforma política, dos quais 97% foram favoráveis a convocar uma constituinte exclusiva e soberana do sistema político.

A correção das distorções do atual sistema político transcende uma mera reforma da legislação ordinária referente à matéria. Exige, sim, uma mudança estrutural do Estado brasileiro, ou seja, do sistema político como um todo, que compreende os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Somente assim será possível atender às atuais demandas da sociedade por transparência, ética, participação e igualdade de direitos para todos, consolidando e aperfeiçoando a democracia representativa e a participativa.

Com o apoio de 183 deputados, apresentamos o projeto de decreto legislativo n° 1508/2014, que convoca um plebiscito nos termos do artigo 49, inciso XV, da Constituição Federal, com a pergunta: "Você é a favor de uma Assembleia Nacional Constituinte exclusiva e soberana sobre o sistema político?".

Só um plebiscito poderá conferir legitimidade a uma decisão tão fundamental como essa. E somente uma constituinte exclusiva e soberana, com mandato exclusivo para fazer a reforma política, terá as condições políticas necessárias para promover uma reforma política ampla, democrática e participativa.

O projeto de lei só será viável com mobilizações e amplo debate com a sociedade. Sua aprovação só ocorrerá se o recado das ruas for entendido pelos agentes políticos responsáveis por encontrar os caminhos para o fortalecimento da democracia numa perspectiva de nação soberana, justa e solidária.

*LUIZA ERUNDINA, 80, é deputada federal (PSB-SP) RENATO SIMÕES, 53, é ex-deputado federal (PT-SP)
Para assinar clique AQUI.

Manifesto convoca jornalistas a apoiarem criação de um conselho profissional

Adital
O Coletivo Jornalistas Pró-Conselho convoca os jornalistas brasileiros a assinar Manifesto que propõe a união em torno da bandeira do Conselho Profissional de Jornalistas. No caso de que a pessoa já tenha assinado o Manifesto, o movimento pede que seja enviado para as listas pessoais a mensagem solicitando adesão de novos colegas. 
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Enquanto ampliam o apoio à proposta do Conselho, por meio das assinaturas no Manifesto, o Coletivo está preparando também um Encontro de Jornalistas Pró-Conselho, a ser realizado no próximo dia 28 de março, em São Paulo. 
Coletivos locais 
Após o Encontro de 28 de março, os Jornalistas Pró-Conselho pretendem convidar jornalistas de todo o país a formarem coletivos locais. O propósito é formar uma rede de coletivos para tratar do resgate da profissão, que "está sendo duramente atacada, chacoalhada, pisada, diminuída, questionada em suas bases”. 

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Membros do coletivo Jornalistas Pró-Conselho criaram o movimento em abril de 2013.


A luta pelo Conselho 
O tema da organização dos jornalistas na forma de um conselho profissional tem algumas décadas de história no Brasil. Pelo menos por meio da comprovação documental, é possível dizer que, desde o fim da década de 1940, já se debatia entre os jornalistas a criação de um órgão do tipo Conselho Profissional. O modelo era – e, para muitos ainda é – a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que tem uma longa tradição em no país (leia, em Textos, a contribuição de Antônio Graça sobre os Conselhos Profissionais no Brasil). 

No âmbito do movimento sindical dos jornalistas (sindicatos de base e a Federação Nacional dos Jornalistas – Fenaj) foi retomado debate da criação do Conselho Federal de Jornalismo, em 1996. Em julho de 2004, foi entregue por uma delegação de presidentes de sindicatos de jornalistas e da Fenaj ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que remeteu o Projeto de Lei para o Congresso em 09 de agosto daquele anos. 

Após sofrer um intenso bombardeio dos veículos jornalísticos, o projeto do Conselho Federal de Jornalismo foi arquivado pela mesa da Câmara dos Deputados, em pouco mais de uma semana. Logo em seguida, ainda em 2004, houve nova tentativa da Fenaj de retomar a luta pelo Conselho, com uma proposta bem mais enxuta que a anterior e com o nome de Conselho Federal dos Jornalistas, o que faria toda a diferença, pois não se trata mais de incidir sobre o Jornalismo (e, portanto, sobre os meios), mas apenas sobre a regulação do exercício da profissão dos jornalistas profissionais; 

Em abril de 2013, seis pessoas passaram a se reunir com regularidade para debater os caminhos de se chegar ao Conselho dos Jornalistas. Em setembro do mesmo ano, foi concluído um texto de diagnóstico da situação e propostas para animar os debates com outros colegas (Mudanças no jornalismo exigem novas formas deorganização da profissão: por um conselho profissional de todos os jornalistas). Em abril de 2014, foi lançado o Manifesto:um convite à participação, para coleta de adesões ao movimento.

Após desocupação de acampamento, produção agroecológica vira comida para gado

Uma semana após desocupação da Agropecuária Santa Mônica, em Corumbá de Goiás (Estado de Goiás), os bois do senador Eunício de Oliveira [Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMBD – Ceará] pisoteiam e comem os alimentos agroecológicos que haviam sido plantados pelas 3 mil famílias acampadas no local, sendo que a colheita dos produtos foi uma das condições acordadas para a saída das famílias da área.
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O chão onde pisava o boi é feijão e arroz, capim já não convém. (Zé Pinto)

No último dia 04 de março, após seis meses de ocupação de parte do Complexo de Fazendas Santa Mônica, do senador Eunício de Oliveira, as 3 mil famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que compunham o Acampamento Dom Tomás Balduino, deixaram a área. Durante o período de acampamento, as famílias produziram uma diversidade de alimentos, cultivados de forma cooperativa e agroecológica, entre os quais destacam-se: arroz, feijão, milho, mandioca, abóbora, alface, couve, amendoim, gergelim, entre outros produtos. A produção agroecológica, resultado do trabalho dos agricultores/as acampados/as, cobria mais de 60 hectares do latifúndio do político. 

Entre os compromissos estabelecidos para a saída das famílias da área, além da instauração do processo de assentamento num prazo de 60 dias, havia a garantia da colheita de todos os alimentos cultivados. No entanto, apenas uma semana após a saída da área, representantes do Comitê de Apoio e Solidariedade ao Acampamento Dom Tomás Balduino constataram que as lavouras estão sendo invadidas pelos bois do senador, que comem os alimentos que proviam e proveriam o sustento dos acampados/as. 

As famílias, agora acampadas provisoriamente na área do Centro de Formação Hugo Chaves, também em Corumbá de Goiás, aguardam as cestas básicas (outro compromisso estabelecido para a desocupação da área) para garantirem sua alimentação imediata. "Em um país ocupado pela soja e outros grãos, que alimentam rebanhos do outro lado do mundo, alimentos produzidos em quantidade e qualidade são pisoteados pela injustiça do latifúndio”, declara o Comitê de Apoio e Solidariedade ao Acampamento Dom 
Tomás Balduino. 
Com informações da Comissão Pastoral da Terra (CPT)

Concentração midiática na América Latina em debate internacional

Adital
Nos últimos anos, em países sul-americanos como Brasil, Peru, Argentina, Colômbia, Equador e Uruguai, bem como o México, na América do Norte, e El Salvador, na América Central, o debate em torno da concentração dos meios de comunicação e da liberdade de expressão ganhou força. Esta concentração midiática é uma das principais barreiras para o exercício pleno da liberdade de expressão e do direito à informação, além de representar um obstáculo para a diversidade de meios e o pluralismo de ideias e informações.
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Grandes conglomerados de comunicação dominam mídia na América Latina.


Nesta terça-feira, 17 de março, Washington DC., Estados Unidos, o Setor de Comunicação e Informação para Países Andinos e Mercosul leva a problemática ao 154º Período de Sessões da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), da Organização de Estados Americanos (OEA), durante a conferência internacional "O impacto da concentração de meios na liberdade de expressão e na democracia”. 

Atualmente, são intensos os debates em torno da necessidade e da legitimidade de políticas públicas aplicadas pelo Estado para evitar a apropriação privada dos meios, tendo em vista o impacto que representa na qualidade do cenário democrático. No entanto, na avaliação de especialistas, a maioria dos debates sobre a temática ocorre, em geral, sem orientações claras. "Existe um vazio a respeito de temas centrais, como quais seriam as medidas adequadas para prevenir e diminuir a concentração, incluindo a propriedade cruzada, o estabelecimento de reservas do espectro para meios sociais e comunitários, as ações afirmativas para promover o setor comunitário e o setor público não governamental, entre outros temas.” afirma Gustavo Gómez, diretor geral do Observatório Latino-Americano de Regulação, Meios e Convergência (Observacom).  

O debate na CIDH reúne destacados especialistas internacionais do Observacom e de oito organizações sociais e associações de meios de jornalistas da América Latina, oferecendo um panorama regional atual da concentração midiática e da situação nacional dos países mencionados. 
A Unesco [Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura] disponibiliza como elemento para o debate as conclusões do informe Tendências Mundiais em Liberdade de Expressão e Desenvolvimento dos Meios: Situação na América Latina e Caribe.

ONU responde manifestantes que pediram 'basta de Paulo Freire'

A resposta da ONU aos manifestantes que levaram para o protesto anti-Dilma uma faixa

 com os dizeres: ‘basta de Paulo Freire'


paulo freire impeachment cartaz protesto
Sobrou até para o falecido educador Paulo Freire nas manifestações de domingo (reprodução)
Brasil Post
Em meio a uma coleção de faixas estapafúrdias que ilustraram uma parte dos protestos 
contra a presidente Dilma Rousseff (PT) neste domingo (15), uma chamou a atenção: 
“Chega de doutrinação marxista. Basta de Paulo Freire”.
Para quem não sabe, o pernambucano Paulo Freire foi um educador e filósofo brasileiro 
e que possui influência na educação não só no Brasil, mas em todo o mundo, tendo sido 
homenageado por instituições como Harvard, Cambridge e Oxford. Desde 2012, ele é 
considerado o Patrono da Educação Brasileira.
Conhecido pela sua ‘pedagogia da libertação’, a qual estava relacionada a uma visão 
marxista do Terceiro Mundo, Freire foi preso durante a ditadura militar e teve a publicação 
de algumas de suas obras barrada pelo regime que durou 21 anos (entre 1964 e 1985) no 
Brasil.
A ONU aproveitou a rejeição de parte dos manifestantes deste domingo às contribuições de 
Freire para publicar, em sua página do Facebook, uma frase conhecida do educador
 [imagem abaixo]. E ela elucida bem o que ele dizia com a educação ser “um ato político”.
onu paulo freire impeachment dilma

No Twitter, outras frases famosas de Freire também apareceram por meio de outras 
pessoas que não resumem as contribuições dele ao maniqueísmo da esquerda contra 
a direita, ou do capitalismo contra o comunismo.
“Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor – Paulo Freire”, 
escreveu um internauta.
“A humildade nos ajuda a reconhecer esta coisa óbvia: ninguém sabe tudo, ninguém ignora
 tudo. Todos sabemos algo: todos ignoramos algo”, lembrou outro.
Paulo Freire morreu em 2 de maio de 1997 aos 75 anos, mas sua obra não foi esquecida, 
seja por quem o aprecia, seja por quem não o suporta.

Coronel da PM ameaça Dilma: “Estamos prontos para a luta armada”

Depois dos pedidos de intervenção militar pelas ruas do país no último domingo, 

ex-comandante da PM de Goiás se diz pronto para a “luta armada”

O ex-comandante da Policia Militar de Goiás, Coronel Pacheco, divulgou um vídeo [ver acima] em que critica a presidente Dilma Rousseff e ao ex-presidente Lula, além de ameaçar “pegar em armas” para destituir do poder o atual governo federal – eleito através do voto.
Exaltado, Pacheco chama Dilma de “chefe de quadrilha” e o ex-presidente Lula de “ladrão”. Ele diz, ainda, que não tem medo dos “guerrilheiros” da petista.
“Quero dizer pra você Dilma, pra você Lula ladrão, que eu não tenho medo dos seus guerrilheiros, e tenho certeza que as centenas de milhares de policiais militares dos diversos Estados desse País também estão prontos para ir para a luta armada para defender esse País”, disse Camilo em seu vídeo.
“Nós, policiais militares da reserva, não aceitamos mais ser roubados e ainda por cima, agora, ser ameaçados e oprimidos. Nós vamos defender a nossa sociedade e estamos prontos para qualquer convocação, seja oficial ou não, para lutar contra os seus guerrilheiros”, completou Camilo, que informou ser coronel da reserva remunerada há três anos.
O material, inicialmente divulgado pelo Diário de Goiás, faz referência à fala de Lula, que disse que os movimentos sociais iriam às ruas defender o governo Dilma.
Vários pedidos de intervenção militar no Brasil estiveram presentes nas manifestações de domingo. Alguns manifestantes chegaram a escrever seus cartazes em inglês.

Clube Militar pede ‘vigilância’

Os pedidos de intervenção militar que se fizeram presentes nas manifestações do último dia 15 parecem estar chegando ao seu destinatário. Nesta segunda-feira (16), o Clube Militar postou em seu site uma nota oficial saudando os protestos contra o governo e sinalizando certo apreço pela ideia de que as Forças Armadas intervenham nas decisões do executivo.
“Havemos de ter, a partir de agora, uma onipresente vigilância quanto ao que o governo pretende nos impor e quanto às medidas a serem implementadas por ele, prometendo buscar soluções para os problemas que nos afligem, diga-se de passagem, gerados por ele próprio em sua sanha despótica”, afirma o texto.
Fonte: Ag T1

100 mil realizam exercícios militares na Venezuela

Como resposta às sanções dos EUA, mais de 100 mil realizam exercícios militares na Venezuela. Atividades foram convocadas pelo presidente Nicolás Maduro e terão dez dias de duração


Após uma convocatória feita pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro, um Exército com mais de cem mil pessoas realizaram manobras militares defensivas no último sábado em uma atividade chamada de “Escudo Bolivariano”. O objetivo da ação, que se estenderá por dez dias e da qual participaram cerca de 20 mil civis, é “demonstrar a capacidade da Venezuela de defender sua soberania” diante de uma possível agressão realizada pelos Estados Unidos.
A relação entre os países se deteriorou após o presidente Barack Obama declarar que Venezuela é “uma ameaça à segurança nacional” dos EUA e impor sanções ao país.

Na manhã de sábado, o ministro venezuelano para a Defesa, Vladimir Padrino López, explicou que o exercício militar é parte do Programa de Exercício Militar de 2015 e a participação da população corresponde à articulação cívico-militar diante do decreto norte-americano que considera a Venezuela como uma “ameaça não usual”.

Padrino ressaltou que não se trata de um exercício de demonstração bélica, mas uma “articulação da Força Armada e o povo na organização e construção do que denominamos os órgãos de defesa integral, que terão direção política conectados com a luta armada” como forma de se defender de eventual agressão.

O exercício foi ordenado por Maduro na última quarta-feira para identificar pontos críticos de defesa e garantir que o país “não seja atingido por ninguém”, ou para que “não seja tocado pelas botas ianques”, como disse perante o plenário da Assembleia Nacional.

“Venezuela tem que estar preparada, porque a Venezuela não é e nem pode ser jamais a Líbia ou o Iraque”, justificou Maduro.

Em seu Twitter, Maduro felicitou as forças armadas e o povo pelos exercícios. “Felicito as Forças Armadas da Venezuela e o povo venezuelano pelos exercícios em conjunto que realizaram para garantir a soberania e a paz de nossa Pátria”, escreveu o líder venezuelano.
Opera Mundi