23
Jan
2012
“Governador
Alckmin pretende ser o ultra-conservador que “garante a ordem”, investe contra
os pobres insubmissos e confirma subordinação do Estado aos interesses da
oligarquia
23
Jan
2012
“Será preciso, nas próximas horas, processar todos os dados. Mas ao que tudo indica, acaba de ocorrer, em São José dos Campos, um massacre e algo mais. O desalojamento de centenas de famílias, que constituíram um bairro vivo, num latifúndio urbano (1 milhão de m²) antes reduzido à especulação imobiliária. seria, por si mesmo, um escândalo.
Mas há agravantes. Naji Nahas, que
reivindica a “propriedade” do latifúndio, é um especulador condenado, num país
em que a justiça tradicionalmente fecha os olhos (e a política institucional
corteja…) os corruptores e criminosos de colarinho branco.
Mais: havia uma trégua em curso, acertada
por todas as partes, e uma decisão da Justiça Federal mandando suspender a
mal-chamada “reintegração de posse”. O caso ganhou notoriedade nacional e
internacional há pouca semanas. Cansados de tantas arbitrariedades, alguns
membros da ocupação vestiram-se de uniformes de resistência improvisados, numa
encenação artística do que pode vir ser o contra-poder popular.
O governo de Geraldo Alckmin, ligado ao
fundamentalismo cristão de direita e o Tribunal de Justiça de São Paulo,
conhecido por seus laços com o que há de mais feudal e escravocrata na
oligarquia paulista, não toleraram a hipótese de diálogo, muito menos a
irreverência das imagens. Num país em que a oposição tradicional parece
paralisada, Alckmin pretende, ao que tudo indica, ocupar o espaço da violência
contra os pobres insubmissos e da submissão do Estado aos interesses do capital
que se liga a oligarquia.
É provável que tenha se mobilizado por
isso. Certamente, não ignorava o acordo firmado, há poucos dias, entre os
movimentos de sem-teto e a Justiça Federal. Quis mostrar que não o respeita;
que seu projeto político inclui até mesmo passar por cima das negociações que
buscam a conciliação social, quando esta não serve à oligarquia financeira.
Não se sabe, a esta altura, quantas foram as vítimas pessoais desta deriva
ultra-conservadora do governador de São Paulo. Mas já é possível enxergar que
entre as vítimas está a democracia.”