Por Wilon Dodson Valença Sobral
Dono do Oiapoque e do Uai, o empresário Elias Tergilene investe pesado em negócios voltados a população mais carente.
Tergilene: "Quero ajudar as pessoas a fugir da falta de dinheiro, que é a pior coisa do mundo"
Neto do libanês Nassif, Elias Tergilene, 43 anos, vem se preparando a 3 anos para fazer um mega investimento em Caruaru e região. Dono da frase "Se todos os males da humanidade fossem colocados de um lado da balança e apenas a falta de dinheiro do outro, o que pesaria mais seria a falta de dinheiro" o proprietário da "rede" de shoppings populares Uai, que só em 2013 e 2014 faturou 50 milhões de reais. Elias Tergilene nasceu em Carlos Chapas, no carente Vale do Jequitinhonha, ele prometeu a si mesmo que escaparia da pobreza. Foi criador de porcos, carreteiro e camelô até que, aos 18 anos, abriu o primeiro empreendimento com endereço fixo, a Serralheria Augusta. O negócio se transformou em uma requisitada marcenaria que, dez anos mais tarde, chamou a atenção do grupo italiano Doimo, especializado em móveis de luxo. "Os estrangeiros compraram 51% das ações. Foi quando senti, finalmente, que estava bem de vida", lembra ele. O comércio sofisticado, porém, nunca o entusiasmou.
No ano de 2008, inspirado pelo sucesso do Oiapoque, o shopping de camelôs no centro de BH, ele resolveu investir no mercado para a população de baixa renda. Pagou 8 milhões de reais pelo prédio em frente à rodoviária, no qual pretendia abrir seu centro de compras, e só depois se deu conta de que a proximidade com o pioneiro Oiapoque seria um obstáculo. "Nenhum camelô queria ir para o Uai", recorda-se. Foi preciso mudar os planos. Para chamar a atenção de comerciantes, prometeu impedir a venda de produtos contrabandeados e ganhou a confiança de marcas como a Água de Cheiro, de perfumes, e a TIM, de telefonia, que abriram lojas por lá. Sua rede Uai tem hoje cinco endereços - três na capital mineira e dois em Manaus. "O Oiapoque foi o primeiro camelódromo, mas eu fiz o primeiro shopping popular", vangloria-se ele, que atualmente é dono de ambos. Em fevereiro, Tergilene comprou uma participação no antigo concorrente, em uma transação cujos números mantém em sigilo.
"O que gosto mesmo é de fazer negócios com os pobres, porque falo a língua deles", diz o empresário, enquanto balança a perna direita sem parar, um tique que denuncia traços de sua personalidade. "Sou hiperativo e ansioso", confessa. No final de 2010 Tergilene recebeu um telefonema do fundador da Central Única de Favelas, Celso Athaíde, que procurava um parceiro comercial para abrir shoppings em comunidades cariocas pacificadas. Os dois nem se conheciam, mas Athaíde já sabia do sucesso do empresário. No mesmo dia, o mineiro pegou um voo para o Rio de Janeiro, passou a madrugada rodando por diferentes favelas e disse sim para o negócio antes de voltar para Belo Horizonte. Em 20 de fevereiro de 2011, Tergilene e Athaíde anunciaram a construção do Favela Shopping, no Complexo do Alemão, um investimento de 25 milhões de reais com previsão de inauguração até o final do mesmo ano. A ideia é contratar 100% da mão de obra para as 500 lojas entre os moradores do lugar. "Quero ajudar as pessoas a fugir da falta de dinheiro, que é a pior coisa do mundo", explica Tergilene, que sempre se inspira no avô Nassif.