Entre 2006 e 2007, Octavio Frias de Oliveira, do Grupo Folha, João Jorge Saad, da Bandeirantes, e a viúva de Roberto Marinho, da Globo, tinham registro de contas na Suíça
Ao menos 22 empresários da mídia ou parentes e sete jornalistas estão entre os mais de 8 mil brasileiros que mantinham contas no HSBC da Suíça em 2006 e 2007. Na lista do HSBC, vazada por um ex-funcionário do banco, constam os nomes dos fundadores das Organizações Globo, Roberto Marinho, e da Bandeirantes, João Jorge Saad, além do empresário Octavio Frias de Oliveira, antigo proprietário do Grupo Folha.
A apuração foi conduzida pelo jornalista do UOL Fernando Rodrigues, que detém o controle no País sobre o material, e o jornal O Globo.
Segundo a apuração, Lyly de Carvalho, viúva de Marinho e de Horácio de Carvaho, antigo proprietário do Diário Carioca, tinha 750,2 mil dólares em uma conta no HSBC suíço. O nome de Lyly, afirma Rodrigues, surge nos documentos com o sobrenome de Horácio, seu primeiro marido, e o representante legal da conta é a Fundação Horácio de Carvalho Jr. A viúva de Marinho morreu em 2011.
Nos documentos, constam ainda os nomes de proprietários de três proprietários do Grupo Folha. Frias (1912-2007) teve uma conta conjunta com o sócio Carlos Caldeira Filho (1913-1993), criada em 1990. Luiz Frias, atual presidente da Folha de S.Paulo e do Uol, aparece como beneficiário da mesma conta. Os arquivos, relativos ao biênio 2006/2007, comprovam que os empresários foram correntistas na Suíça, embora não mantivessem valores em suas contas à época.
Ainda segundo as reportagens de Uol e O Globo, quatro integrantes da família Saad, dona da Rede Bandeirantes, mantinham contas no país europeu. Além do fundador, estão na lista Maria Helena Saad Barros, Ricarco Saad e Silvia Saad Jafet. As contas também estavam zeradas no período.
Além de empresários, a lista traz os jornalistas Arnaldo Bloch, de O Globo, José Roberto Guzzo, da Editora Abril, Mona Dorf, apresentadora da rádio Jovem Pan, Arnaldo Dines, Alexandre Dines, Debora Dines e Liana Dines. Os registros dos dois primeiros indicam contas zeradas e encerradas. Dorf registrava um saldo de 310,6 mil dólares entre 2006 e 2007. Os jornalistas da família Dines compartilhavam um conta com um depósito de 1,395 milhão.
Conhecido como Swissleaks, a divulgação das informações vazadas tem sido conduzidas pelo Consórcio Internacional de Jornalista Investigativso (ICIJ), do qual Rodrigues é representante no Brasil. Além de nomes da mídia, Rodrigues relevara a presença na lista de investigados na Operação Lava-Jato, entre eles Fernando Barusco e oito integrantes da família Queiroz Galvão, e de 31 pessoas ligadas à direção de empresas de ônibus no Rio de Janeiro.
Possuir uma conta na Suíça, um popular paraíso fiscal, não é crime, mas é obrigatório declarar o dinheiro à Receita para que a quantias sejam tributadas. Ao sonegar os valores, o cidadão comete crime de evasão de divisas e pode pegar de dois a seis anos de prisão.
O Grupo Globo e o Grupo Bandeirantes preferiram não comentar as reportagens. O Grupo Folha e a família de Octavio Frias de Oliveira informam "não ter registro da referida conta bancária e manifestam sua convicção de que, se ela existiu, era regular e conforme à lei".
O jornalista Guzzo disse que "nunca teve uma conta no HSBC da Suíca, seja no período de 1990 a 1995, seja em qualquer outra época." A família Dines informou que três dos quatros filhos de Alberto Dines "moram fora do Brasil há pelo menos 30 anos" e, por essa razão, não declaram imposto de renda no País. Dorf não foi encontrada pelas reportagens.
Fonte: Carta Capital