O Diário Oficial da União publicou, nesta sexta-feira, a exoneração do ministro da Defesa, Nelson Jobim. No lugar dele, foi nomeado o diplomata Celso Amorim. Após caminhar hoje próximo de sua casa, em Brasília, Jobim não quis comentar a saída do governo. Ao ser perguntado, ele se mostrou magoado e se limitou a dizer:
"Não sou mais nada. Qualquer coisa, pergunte para a Dilma".
Ontem à noite, o ministro entregou carta de demissão à presidente Dilma, logo após chegar de viagem oficial a Tabatinga (AM). Dilma havia decidido demitir o ministro pela manhã, após a divulgação das declarações do ministro em reportagem da revista Piauí. Na matéria, Jobim chama a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, de "fraquinha" e diz que a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, não conhece Brasília. Mas o que mais irritou Dilma foi o ministro ter contado à revista que, quando a presidente lhe perguntou se Genoino seria útil como assessor na Defesa, teria respondido: "Presidente, quem sabe se ele pode ser útil ou não sou eu".
O ex-chanceler Celso Amorim foi escolhido para assumir o Ministério da Defesa por pelo menos duas razões: sua larga experiência em temas relacionados à segurança internacional e por pertencer a uma carreira de Estado, hierarquizada e disciplinada, semelhante à exercida pelos militares. A opinião do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que nunca poupou elogios ao seu chanceler, também deve ter pesado. Nos bastidores do governo, dizia-se nesta quinta-feira que o grande desafio de Amorim será conquistar a simpatia da cúpula das Forças Armadas.
José Viegas, o último diplomata que assumiu o Ministério da Defesa, não teria conseguido atingir esse objetivo. Nelson Jobim foi o civil que se entendeu com os militares, depois do vice José Alencar.
Das Agências: DP e O Globo