"Novo Código Florestal serve a grandes grupos econômicos"
Na última terça-feira 24, a nova versão do Código Florestal foi aprovada na Câmara dos Deputados. Para os movimentos ambientalistas, esse resultado arranha a imagem do Brasil, na medida que compromete a proposta brasileira de uma economia sustentável, os acordos firmados internacionalmente, a inserção no mercado mundial e até mesmo a produtividade agrícola.
A Central Única dos Trabalhadores de Sergipe (CUT/SE) entrevistou Antônio Carlos da Silva Góis, secretário de Meio Ambiente da entidade, para analisar o Código Florestal e as consequências da vigência da atual versão do Código ao meio ambiente.
Góis fala da importância do compromisso de construção de uma sociedade justa, solidária e sustentável, garantindo a sustentabilidade dos recursos naturais em consonância com o desenvolvimento econômico do país, e explica a lógica de mercado que existe por trás do novo Código Florestal Brasileiro.
A Central Única dos Trabalhadores de Sergipe (CUT/SE) entrevistou Antônio Carlos da Silva Góis, secretário de Meio Ambiente da entidade, para analisar o Código Florestal e as consequências da vigência da atual versão do Código ao meio ambiente.
Góis fala da importância do compromisso de construção de uma sociedade justa, solidária e sustentável, garantindo a sustentabilidade dos recursos naturais em consonância com o desenvolvimento econômico do país, e explica a lógica de mercado que existe por trás do novo Código Florestal Brasileiro.
Confira abaixo a entrevista na íntegra:
O Código Florestal é estratégico para um país como o Brasil, que quer preservar seus recursos naturais e continuar produzindo. No entanto, com a aprovação das alterações no Código, cujo relator é o deputado Aldo Rebelo (PCdoB), os prejuízos para o desenvolvimento sustentável e a agricultura familiar brasileira serão enormes. Como e por que ele coloca em risco a construção de um modelo de desenvolvimento sustentável no país?
Antes de tudo é preciso reafirmar nossos compromissos de construção de uma sociedade justa, solidária e sustentável, pois a atividade econômica deve se sujeitar em primeira instância às restrições de ordem sócio-ambiental. Desta forma temos que lutar para garantir a sustentabilidade dos recursos naturais e, ao mesmo tempo, lutar pela manutenção e ampliação dos postos de trabalho dentro do contexto da luta pelos direitos imediatos e históricos da classe trabalhadora.
O modelo capitalista, que busca o lucro cada vez maior, segue a lógica predatória de exploração da natureza, conseqüentemente leva ao agravamento das crises ambientais, com o esgotamento dos nossos recursos naturais e a destruição do meio ambiente. Essa realidade expressa a grande contradição entre o capital e a natureza, parte inseparável da contradição da relação capital versus trabalho. É desta forma que esta colocada as propostas de mudanças no Código Florestal Brasileiro.
Evidentemente, lamentamos que um parlamentar que construiu toda sua história na crítica ao sistema capitalista, e que integra um partido que se diz comunista, contraditoriamente venha trair seus princípios e servir aos interesses dos grandes grupos econômicos, inimigos dos trabalhadores e do meio ambiente. Fato que tem gerado revolta dos movimentos sociais.
O Código Florestal é estratégico para um país como o Brasil, que quer preservar seus recursos naturais e continuar produzindo. No entanto, com a aprovação das alterações no Código, cujo relator é o deputado Aldo Rebelo (PCdoB), os prejuízos para o desenvolvimento sustentável e a agricultura familiar brasileira serão enormes. Como e por que ele coloca em risco a construção de um modelo de desenvolvimento sustentável no país?
Antes de tudo é preciso reafirmar nossos compromissos de construção de uma sociedade justa, solidária e sustentável, pois a atividade econômica deve se sujeitar em primeira instância às restrições de ordem sócio-ambiental. Desta forma temos que lutar para garantir a sustentabilidade dos recursos naturais e, ao mesmo tempo, lutar pela manutenção e ampliação dos postos de trabalho dentro do contexto da luta pelos direitos imediatos e históricos da classe trabalhadora.
O modelo capitalista, que busca o lucro cada vez maior, segue a lógica predatória de exploração da natureza, conseqüentemente leva ao agravamento das crises ambientais, com o esgotamento dos nossos recursos naturais e a destruição do meio ambiente. Essa realidade expressa a grande contradição entre o capital e a natureza, parte inseparável da contradição da relação capital versus trabalho. É desta forma que esta colocada as propostas de mudanças no Código Florestal Brasileiro.
Evidentemente, lamentamos que um parlamentar que construiu toda sua história na crítica ao sistema capitalista, e que integra um partido que se diz comunista, contraditoriamente venha trair seus princípios e servir aos interesses dos grandes grupos econômicos, inimigos dos trabalhadores e do meio ambiente. Fato que tem gerado revolta dos movimentos sociais.
Mais de 50 entidades nacionais, desde a CNBB, Greenpeace, CUT, MST , setores da Contag, Via Campesina, e entidades ambientalistas, movimentos feministas, dentre outros, lançaram um manifesto nacional em repúdio a esse relatório de Aldo Rebelo (PcdoB).
Góis, o que é o agronegócio? E quem está por trás dos interesses desse modelo econômico de desenvolvimento?
O agronegócio é também chamado de agrobusiness. É a relação comercial e industrial envolvendo a cadeia produtiva da agricultura e pecuária. Por trás do agronegócio está, além dos ruralista, empresários da indústria e comércio que fornecem insumos para a produção rural, como por exemplo os fabricantes de fertilizantes, defensivos químicos, equipamentos, beneficiamento, compra e venda dos produtos agropecuários, como os frigorificos, distribuidores de alimento, exportadores, etc. É importante ressaltar que muitos elos dessa corrente estão também associados ao setor financeiro e grandes empresas transnacionais, sem contar que o agronegócio segue o rastro do trabalho escravo.
Para eles o atual Código Florestal representa uma barreira para expansão de sua sanha lucrativa. Gastaram milhões para eleger uma bancada no Congresso Nacional comprometida com os interesses ruralistas em detrimento da sustentabilidade sócio-ambiental.
Góis, o que é o agronegócio? E quem está por trás dos interesses desse modelo econômico de desenvolvimento?
O agronegócio é também chamado de agrobusiness. É a relação comercial e industrial envolvendo a cadeia produtiva da agricultura e pecuária. Por trás do agronegócio está, além dos ruralista, empresários da indústria e comércio que fornecem insumos para a produção rural, como por exemplo os fabricantes de fertilizantes, defensivos químicos, equipamentos, beneficiamento, compra e venda dos produtos agropecuários, como os frigorificos, distribuidores de alimento, exportadores, etc. É importante ressaltar que muitos elos dessa corrente estão também associados ao setor financeiro e grandes empresas transnacionais, sem contar que o agronegócio segue o rastro do trabalho escravo.
Para eles o atual Código Florestal representa uma barreira para expansão de sua sanha lucrativa. Gastaram milhões para eleger uma bancada no Congresso Nacional comprometida com os interesses ruralistas em detrimento da sustentabilidade sócio-ambiental.
CUT/SE: Como a agricultura familiar pode ser o elo para um acordo entre ruralistas e ambientalistas em torno de uma proposta de consenso para as alterações no Código Florestal?
É inaceitável que a agricultura familiar seja usada como moeda de troca nas negociações do parlamento, governo e movimentos sociais para aprovação das alterações do Código Florestal. O relator Aldo Rebelo (PCdoB), busca justificar as mudanças com um discurso que diz está preocupado com os pequenos produtores, quando, na verdade, pretende que os bens da natureza que temos em nosso território sejam apropriados por fazendeiros e empresas estrangeiras. Quer ainda inocentar criminosos e anistiar fazendeiros inadimplentes, entre eles 27 deputados federais, que a partir de 11 de junho, não poderão acessar mais recursos públicos ou de crédito, que foram pegos pelo Ibama em seus crimes ambientais. São multas que somam mais de R$ 8 bilhões.
A agricultura familiar tem que um tratamento diferenciado. Ela representa um instrumento formidável de combate às desigualdades. Ocupa apenas 24,3% da área rural do país, e garante emprego para 12,3 milhões de trabalhadores. São responsáveis por aproximadamente 70% dos alimentos consumidos pelo brasileiro; respondem por 40% do PIB agropecuário; geram um Valor Bruto da Produção (VBP) de R$ 677/ha – 89% superior ao Valor Bruto da Produção (VBP) da agricultura não-familiar (R$ 358/ha); e ocupam em cada 100 hectares 15,3 pessoas, contra apenas 1,7 da não-familiar. Defendemos ainda a implementação de um conjunto de políticas públicas que garantam o processo de desenvolvimento sustentável e a superação das desigualdades, tais como: pagamento por serviços ambientais, programa mais ambiente, educação ambiental, desenvolvimento de novas tecnologias e assistência técnica direcionados para a agricultura familiar.